As negociações do tratado global sobre plásticos da ONU, apesar de não terem chegado a um consenso em dezembro, ainda oferecem uma oportunidade crucial para a comunidade científica moldar um acordo robusto e eficaz. O adiamento das negociações para 2025 permite que a ciência reforce seu papel na construção de um futuro livre da poluição por plástico.
Avanços e Desafios nas Negociações
Desde o início das negociações em 2022, surgiram divergências políticas significativas. Enquanto alguns países, com fortes interesses em combustíveis fósseis, veem a poluição por plástico como um problema de gestão de resíduos, outros defendem soluções abrangentes em todo o ciclo de vida do plástico, incluindo a redução da produção e o fomento a sistemas de reutilização.
Apesar dessas divergências, um consenso científico sólido emerge: abordar a poluição por plástico de forma eficaz exige intervenções coordenadas em todo o ciclo de vida do material. Estudos da OCDE mostram que políticas abrangentes, que englobam produção, design e descarte, podem reduzir a poluição em 96% até 2040.
Uma Mudança de Tom Promissora

Na última rodada de negociações, houve uma mudança de tom encorajadora. Ruanda, com o apoio de 85 países, defendeu um tratado que aborde todo o ciclo de vida dos plásticos, conclamando as nações a defenderem a ambição. A maioria dos países expressou seu compromisso com um tratado ambicioso e holístico, concordando em usar a versão do tratado desenvolvida pelo presidente como ponto de partida para a próxima sessão.
O Papel Crucial da Ciência
Apesar da retórica promissora, desafios importantes persistem. A comunidade científica desempenha um papel fundamental em diversas áreas:
Defender a abordagem do ciclo de vida completo
Garantir que o tratado abranja todas as etapas do ciclo de vida do plástico, desde a produção até o descarte.
Definir níveis sustentáveis de produção
Estabelecer limites para a produção de plástico, levando em consideração os impactos ambientais e sociais.
Promover uma transição justa
Assegurar que a transição para uma economia circular de plásticos seja justa e inclusiva, beneficiando todos os atores envolvidos.
Lidar com produtos químicos perigosos
Definir e regular o uso de produtos químicos preocupantes em plásticos, muitos dos quais carecem de dados robustos sobre seus riscos.
Impulsionar a economia circular
Desenvolver e implementar estratégias para promover a reutilização, aprimorar a eficiência de recursos e influenciar o comportamento do consumidor.
Criar um acordo financeiro equitativo
Garantir que países de baixa e média renda tenham os recursos necessários para implementar o tratado.

Um Mecanismo de Avaliação Científica Contínua
Além de fornecer evidências científicas robustas durante as negociações, é crucial garantir que a ciência continue a guiar a implementação do tratado a longo prazo. A criação de um painel permanente de política científica poderia avaliar o progresso e a eficácia do tratado, garantindo que novas evidências sejam continuamente integradas e permitindo que o tratado se adapte e evolua com base na melhor ciência disponível.
Conclusão: Um Futuro Livre de Poluição por Plástico
As negociações do tratado global sobre plásticos representam um passo crucial para enfrentar a crise da poluição por plástico. A comunidade científica, com sua expertise e compromisso, desempenha um papel fundamental na construção de um futuro em que o plástico seja usado de forma responsável e sustentável, protegendo o meio ambiente e a saúde humana.

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