Com o aumento dos casos de câncer em pessoas mais jovens, precisamos de ciência sólida, não de especulação online.
“Porco descuidado custa vidas”, escreveu o jornal britânico The Sun em uma manchete sobre os riscos de câncer de intestino associados ao consumo de sanduíches de bacon. Essa história alarmista foi publicada há quase uma década, mas alegações infundadas sobre escolhas de estilo de vida e câncer — especialmente câncer de intestino, também conhecido como câncer colorretal — ainda são comuns. A grande diferença? As alegações alarmistas estão se espalhando principalmente nas redes sociais e estão cada vez mais direcionadas aos jovens.
Por que isso? Nos últimos anos, ficou claro que as taxas de vários tipos de câncer estão aumentando em pessoas mais jovens. Isso está levantando questões — e especulações — sobre as causas. De particular destaque é o câncer colorretal, que era praticamente desconhecido em pessoas mais jovens no século passado. Hoje, pessoas com menos de 50 anos representam 10% dos novos casos globalmente, e esse número deve mais que dobrar até 2030.
A explicação mais intuitiva é uma mudança no estilo de vida das gerações mais jovens, como muito da agitação nas redes sociais afirma. As evidências mais fortes até agora
“O câncer colorretal era virtualmente desconhecido em pessoas jovens. Agora é 10% dos novos casos”
apontam para obesidade, diabetes tipo 2 e dietas pouco saudáveis. Por outro lado, há sinais de que consumir laticínios pode ser protetor.
Em última análise, é improvável que seja devido a uma única escolha de alimento ou estilo de vida, mas respostas reais são urgentemente necessárias. O problema é tão premente que, no ano passado, o Grand Cancer Challenge, uma iniciativa global focada nos problemas mais difíceis na pesquisa do câncer, lançou um projeto para investigar as causas do câncer colorretal de início precoce.
Ele vai analisar os suspeitos usuais, incluindo álcool e alimentos processados, bem como possíveis causas anteriormente desconhecidas, como microplásticos e ingredientes específicos comuns em alimentos ultraprocessados.
Frustrantemente, levará quatro anos para ver os resultados, enquanto a desinformação nas redes sociais pode se espalhar em minutos. Mas esse tipo de ciência lenta e cuidadosa é a maneira mais segura de combater alegações infundadas e potencialmente prejudiciais. Esse tipo de mensagem não é novo, mas em uma era em que a verdade muitas vezes parece estar sob ameaça, tais esforços são mais importantes do que nunca.
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