A dislexia é uma dificuldade de aprendizagem que afeta aproximadamente 10% da população mundial, totalizando cerca de 780 milhões de pessoas. Apesar de sua prevalência, muitos mitos e concepções errôneas persistem, dificultando o entendimento adequado sobre o que realmente significa viver com dislexia. Seja ouvindo que precisa se esforçar mais, sentindo a frustração de não conseguir entender as palavras na página, confundindo números mentalmente ou ficando inseguro com a ortografia, a luta diária das pessoas com dislexia é muito real – e, ainda assim, seu impacto é frequentemente subestimado.
A verdade é que a dislexia é uma dificuldade de aprendizagem permanente que afeta não apenas as habilidades de leitura e escrita, mas também outras áreas da vida de uma pessoa, incluindo concentração e organização. Neste artigo abrangente, vamos desmistificar concepções equivocadas sobre a dislexia, explorar como ela realmente afeta as pessoas e fornecer orientações valiosas para apoiar aqueles que vivem com essa condição neurológica.
O que é dislexia de fato? Entendendo além dos estereótipos
A dislexia não é simplesmente uma dificuldade para ler ou escrever – é uma diferença neurológica na forma como o cérebro processa informações. Contrariamente à crença popular, pessoas com dislexia não leem “ao contrário” nem enxergam letras invertidas. Na verdade, a dislexia está relacionada à maneira como o cérebro decodifica palavras e processa informações linguísticas.
Pessoas com dislexia frequentemente enfrentam desafios relacionados à memória de trabalho, velocidade de processamento verbal e compreensão literária. Isso significa que podem precisar de mais tempo para processar informações faladas, organizar pensamentos ou lembrar instruções. A dislexia varia significativamente entre os indivíduos – algumas pessoas podem ter dificuldade principalmente com a leitura, enquanto outras podem ler razoavelmente bem, mas lutam com a ortografia ou com a expressão escrita.
É fundamental compreender que a dislexia não é uma condição que afeta a inteligência. Pessoas com dislexia têm capacidade intelectual dentro ou acima da média, mas processam informações de maneira diferente da típica. Esta diferença neurológica traz desafios, mas também pode proporcionar forças únicas em áreas como pensamento criativo, resolução de problemas e raciocínio espacial.
Cinco mitos sobre dislexia que precisam ser desfeitos
Mito 1: Pessoas com dislexia não conseguem ler
Um dos mitos mais persistentes sobre a dislexia é que as pessoas afetadas simplesmente não conseguem ler. A realidade é bem diferente: a dislexia torna a leitura e a escrita mais desafiadoras, mas definitivamente não impossibilita essas habilidades. Esta concepção errônea provavelmente surge porque, muitas vezes, o primeiro sinal de dislexia aparece quando alguém enfrenta problemas para aprender a ler na escola.
A questão não está relacionada à visão, mas sim à forma como as pessoas com dislexia decodificam as palavras. Muitos disléxicos podem se tornar leitores precisos com o apoio adequado, embora possam continuar enfrentando desafios com a fluência ou a compreensão. Algumas pessoas com dislexia simplesmente leem de forma diferente do modo típico, e há muitas variações na forma como a condição se manifesta.
A dislexia engloba diversos aspectos além da leitura, incluindo desafios com comunicação, multitarefas e organização. Fazer afirmações generalizadas sobre as capacidades das pessoas com dislexia é prejudicial e perpetua estigmas infundados.
Mito 2: A dislexia é algo que se supera com o tempo
É verdade que os sintomas da dislexia podem melhorar significativamente com o suporte adequado, e pessoas com dislexia certamente podem prosperar em suas vidas. No entanto, elas não “superam” a dislexia – é uma condição permanente. Questões relacionadas à memória de trabalho e à fluência podem continuar sendo desafiadoras mesmo depois que um indivíduo aprende a ler bem.
A dislexia não é simplesmente uma questão de se esforçar mais para ler ou escrever melhor. Ela afeta o cérebro de várias maneiras, incluindo a velocidade de processamento verbal – o quão rapidamente alguém consegue entender e responder às informações faladas.
Como fatores genéticos desempenham um papel significativo na dislexia desenvolvimental, conforme apontam pesquisas publicadas na Annual Review of Genomics and Human Genetics, dizer a alguém com esta dificuldade de aprendizagem para “se esforçar mais” apenas alimenta o mito de que é algo que eventualmente se supera, além de impactar negativamente sua autoestima.
Muitas vezes, pessoas com dislexia já estão se esforçando muito mais do que os outros, porque a leitura e a compreensão literária não são processos naturais para elas, o que torna exaustiva a tentativa de acompanhar o ritmo dos outros. Se você convive com alguém que é disléxico, é importante estar ciente dos desafios diários contínuos e da energia adicional necessária para realizar tarefas que talvez nem passem pela sua cabeça – como ler um cardápio, seguir um manual de instruções ou acompanhar uma conversa movimentada em um grupo de WhatsApp.
Mito 3: Ser disléxico significa que você não pode ter sucesso
Muitas pessoas com dislexia pensam de maneira diferente, e isso pode ser algo bom – incrível, na verdade! Embora a dislexia possa impactar a educação, obter boas notas na escola é mais do que possível, especialmente com intervenções especializadas. Mas também vale ressaltar que a dislexia não tem absolutamente nada a ver com inteligência real e pode afetar pessoas de todas as camadas sociais.
Muitas pessoas extremamente bem-sucedidas têm dislexia, incluindo a atriz Jennifer Aniston, o heptacampeão mundial de Fórmula 1 Lewis Hamilton e o chef e empresário Jamie Oliver. Mesmo que não tenham gostado da escola, eles veem sua dislexia como parte vital de suas conquistas, com Keira Knightley dizendo: “Isso não significa que você seja estúpido… Significa apenas que você trabalha de uma maneira diferente”.
A dislexia pode promover forças incríveis, como uma compreensão única de como as coisas funcionam, resolver problemas e pensar criativamente. Essas habilidades podem beneficiar campos de trabalho empreendedores e inovadores, e algumas empresas recrutam ativamente funcionários neurodivergentes por essas razões. Também existem empresas ajudando a educar e preparar outras para apoiar ativamente e obter o melhor de seus funcionários, como a Positively Dyslexia, que destaca a importância de os locais de trabalho garantirem que atendam à Lei de Igualdade nessa área – então não cabe apenas ao indivíduo fazer ajustes!
Mito 4: A dislexia é rara
Estima-se que 780 milhões de pessoas no mundo tenham dislexia, ou uma em cada 10, o que significa que provavelmente há alguém que você conhece que tem essa dificuldade de aprendizagem. Devido ao estigma associado à dislexia, alguns podem tentar esconder suas características, então nem sempre estamos cientes se uma pessoa ao nosso redor está enfrentando dificuldades.
Muitas pessoas também desconhecem sua dificuldade de aprendizagem, pois os sintomas podem ser sutis ou não se encaixam no estereótipo de “incapaz de ler ou escrever”. Com a British Dyslexia Association observando que há aproximadamente 3,3 milhões de adultos no local de trabalho e 900.000 crianças na escola com dislexia, essa condição é prevalente em todo o espectro de habilidades intelectuais. Portanto, devemos apoiar os outros a discutir suas dificuldades e necessidades abertamente.
Mito 5: A dislexia é um mito
Algo incrivelmente prejudicial e ofensivo é o mito onde as pessoas tentam negar completamente a existência da dislexia. Extensa pesquisa científica e evidências comprovam que a dislexia é muito real. Ela existe em todo lugar e em diferentes idiomas. Existem até diferentes tipos de dislexia, incluindo fonológica (dificuldade em processar os sons das letras) e nomeação rápida (dificuldade em nomear uma letra, número, cor ou objeto com rapidez).
A dislexia pode ser diagnosticada por meio de uma avaliação diagnóstica realizada por um avaliador certificado. A dislexia não é, no entanto, parte do autismo ou do transtorno do déficit de atenção (TDA). Outras dificuldades específicas de aprendizagem podem ocorrer simultaneamente com a dislexia, no entanto, é crucial que as pessoas com dislexia se sintam validadas em suas experiências individuais.

Como a dislexia afeta o dia a dia: perspectivas reais
Para alguém com dislexia, atividades cotidianas que muitos consideram simples podem representar desafios significativos. Imagine tentar ler um cardápio em um restaurante barulhento quando as palavras parecem embaralhar-se diante de seus olhos. Ou tentar tomar notas durante uma reunião rápida quando seu cérebro processa as informações faladas mais lentamente do que elas estão sendo apresentadas.
A fadiga cognitiva é uma realidade para muitas pessoas com dislexia. O esforço extra necessário para processar informações textuais pode ser mentalmente exaustivo. Uma hora de leitura para uma pessoa com dislexia pode exigir o mesmo nível de concentração e energia que várias horas exigiriam de alguém sem essa condição.
As dificuldades organizacionais também são comuns. Pessoas com dislexia frequentemente lutam com gerenciamento de tempo, cumprimento de prazos e manutenção de sistemas organizacionais. Isso não é preguiça ou descuido – é uma manifestação direta de como seu cérebro processa e organiza informações.
Socialmente, a dislexia também pode apresentar desafios. A ansiedade sobre ser solicitado a ler em voz alta, preencher formulários publicamente ou escrever enquanto outros observam pode causar estresse significativo. Muitos adultos com dislexia desenvolvem estratégias elaboradas para evitar situações em que suas dificuldades possam ser expostas – como pedir a um colega para anotar em uma reunião ou desviar de tarefas que envolvam leitura intensiva.
Estas experiências cotidianas nem sempre são visíveis para os outros, mas formam o pano de fundo da vida com dislexia. Compreender essas realidades é essencial para desenvolver empatia e fornecer apoio eficaz.
Identificando a dislexia: sinais e características principais
Reconhecer os sinais da dislexia é o primeiro passo para obter o suporte adequado. Os indicadores variam conforme a idade e o estágio de desenvolvimento, mas algumas características comuns incluem:
Em crianças em idade pré-escolar:
- Desenvolvimento tardio da fala
- Dificuldade em aprender novas palavras
- Problemas com rimas ou sequências como os dias da semana
- Dificuldade em seguir instruções de múltiplas etapas
- Confusão entre direita e esquerda
Em crianças em idade escolar:
- Leitura lenta ou trabalhosa
- Dificuldade em associar letras a sons
- Confusão entre letras visualmente semelhantes (como “b” e “d”)
- Erros de ortografia inconsistentes
- Relutância ou evitação de atividades de leitura
- Dificuldade para memorizar sequências ou informações específicas
Em adolescentes e adultos:
- Leitura lenta, mesmo com precisão adequada
- Dificuldades persistentes com ortografia
- Evitar escrever ou ler publicamente
- Desafios com planejamento e organização
- Dificuldade em tomar notas ou acompanhar instruções verbais
- Cansaço excessivo após tarefas que envolvem leitura
É importante observar que a presença de alguns desses sinais não confirma automaticamente a dislexia. Um diagnóstico formal deve ser feito por profissionais qualificados, geralmente incluindo psicólogos educacionais ou neuropsicólogos especializados em dificuldades de aprendizagem.
Estratégias eficazes para apoiar pessoas com dislexia
Apoiar alguém com dislexia – seja seu filho, aluno, colega ou a si mesmo – exige uma abordagem personalizada que reconheça tanto os desafios quanto as forças associadas a essa condição. Aqui estão estratégias eficazes que fazem diferença real:
No ambiente educacional:
- Utilize abordagens multissensoriais que combinem elementos visuais, auditivos e táteis
- Ofereça tempo adicional para tarefas de leitura e avaliações
- Disponibilize tecnologias assistivas como software de texto para fala
- Forneça materiais impressos em fontes amigáveis para dislexia (como OpenDyslexic)
- Permita gravações de aulas para revisão posterior
- Divida instruções complexas em etapas gerenciáveis
- Considere métodos de avaliação alternativos que não dependam exclusivamente da escrita
No ambiente de trabalho:
Promova uma cultura que valorize diferentes estilos de pensamento
Ofereça acomodações como software de reconhecimento de voz ou corretores ortográficos avançados
Forneça instruções por escrito para complementar direções verbais
Considere a flexibilidade nas expectativas de comunicação escrita
Reconheça e aproveite as forças dos funcionários com dislexia, como pensamento criativo e resolução inovadora de problemas
Crie um ambiente onde as pessoas se sintam seguras para discutir seus desafios e necessidades

Para autogerenciamento:
- Desenvolva sistemas organizacionais que funcionem para você, como códigos de cores ou lembretes visuais
- Utilize aplicativos e tecnologias assistivas que compensem áreas de dificuldade
- Pratique técnicas de mindfulness para gerenciar a ansiedade relacionada à dislexia
- Estabeleça rotinas claras que reduzam a carga cognitiva
- Reconheça seus pontos fortes e encontre maneiras de aproveitá-los
- Conecte-se com outras pessoas com dislexia para compartilhar estratégias e apoio
O apoio mais eficaz reconhece a dislexia não como uma deficiência a ser “corrigida”, mas como uma diferença neurológica que traz tanto desafios quanto vantagens únicas. O objetivo não é fazer com que alguém com dislexia se conforme aos métodos de aprendizagem ou trabalho “típicos”, mas criar ambientes que acomodem diversos estilos cognitivos.
Tecnologias e recursos modernos para pessoas com dislexia
A tecnologia revolucionou o suporte disponível para pessoas com dislexia. Ferramentas que antes eram inacessíveis ou caras agora estão amplamente disponíveis, muitas vezes em dispositivos que já usamos diariamente. Estes recursos podem transformar significativamente a experiência educacional e profissional das pessoas com dislexia:
Aplicativos e softwares:
- Leitores de tela que convertem texto em fala
- Aplicativos de ditado que transformam fala em texto
- Softwares de predição de palavras que facilitam a escrita
- Ferramentas de mapeamento mental para organizar ideias visualmente
- Aplicativos de gerenciamento de tempo e organização adaptados para dislexia
- Scanners que convertem texto impresso em formatos digitais editáveis
Modificações de acessibilidade:
- Fontes especificamente projetadas para dislexia que aumentam a legibilidade
- Opções de espaçamento de texto e contraste de cores em dispositivos digitais
- Audiolivros e materiais de leitura com acompanhamento destacado
- Ferramentas de gramática e verificação ortográfica avançadas
- Réguas de leitura digitais ou físicas que ajudam a manter o foco no texto
Muitos sistemas operacionais e plataformas educacionais agora incluem recursos de acessibilidade integrados especificamente úteis para pessoas com dislexia. O Google, Microsoft, Apple e Adobe, entre outros, implementaram funcionalidades que tornam seus produtos mais acessíveis.
É importante destacar que a tecnologia não é uma “solução” para a dislexia, mas uma ferramenta poderosa para contornar desafios específicos. O objetivo é reduzir barreiras ao aprendizado e à produtividade, permitindo que as pessoas com dislexia demonstrem todo o seu potencial.
As forças ocultas da dislexia: vantagens cognitivas e criativas
Embora as discussões sobre dislexia frequentemente se concentrem nos desafios, há um crescente reconhecimento das vantagens cognitivas associadas a essa diferença neurológica. Muitas pessoas com dislexia possuem habilidades excepcionais em áreas como:
Pensamento visual-espacial:
Pessoas com dislexia frequentemente demonstram uma capacidade superior de pensar em imagens tridimensionais, visualizar conceitos e compreender como as coisas se encaixam espacialmente. Esta habilidade é particularmente valiosa em campos como arquitetura, engenharia, artes visuais e design.
Pensamento holístico:
Muitas pessoas com dislexia processam informações de forma mais holística, vendo o quadro geral antes dos detalhes. Isso pode levar a insights inovadores e conexões criativas que outros podem não perceber imediatamente.
Criatividade e resolução de problemas:
A necessidade de desenvolver estratégias alternativas para contornar desafios relacionados à leitura muitas vezes cultiva habilidades excepcionais de resolução de problemas. Pessoas com dislexia frequentemente abordam problemas de ângulos não convencionais, levando a soluções inovadoras.
Persistência e resiliência:
Navegar por um mundo projetado principalmente para mentes não-disléxicas desenvolve extraordinária resiliência. Muitas pessoas com dislexia desenvolvem ética de trabalho excepcional e determinação frente aos desafios.
Habilidades narrativas e de comunicação:
Alguns indivíduos com dislexia desenvolvem excelentes habilidades de comunicação verbal e narrativa, compensando desafios com a palavra escrita através de expressão oral eloquente.
Estas não são apenas observações anedóticas. Pesquisas em neurociência cognitiva estão começando a validar essas forças associadas à dislexia. Um estudo da Harvard Business School descobriu que empreendedores com dislexia demonstravam habilidades superiores de delegação e comunicação oral, atribuídas em parte à necessidade de desenvolver sistemas de suporte e estratégias alternativas ao longo de suas vidas.
Empresas inovadoras estão cada vez mais reconhecendo o valor da neurodiversidade em suas equipes. Organizações como Microsoft, Google e GCHQ (a agência de inteligência britânica) implementaram programas específicos para recrutar e apoiar funcionários neurodivergentes, incluindo aqueles com dislexia, reconhecendo as perspectivas únicas e valiosas que trazem.
O impacto emocional da dislexia: autoestima e bem-estar mental
Uma dimensão frequentemente negligenciada da dislexia é seu impacto emocional. Para muitas pessoas, especialmente crianças em idade escolar, os desafios acadêmicos associados à dislexia podem ter efeitos profundos no bem-estar psicológico:
Desafios emocionais comuns:
- Baixa autoestima resultante de comparações com colegas
- Ansiedade sobre situações de leitura, escrita ou memorização
- Frustração quando o esforço não corresponde aos resultados
- Sentimentos de inadequação ou “burrice” apesar da inteligência normal ou acima da média
- Medo de julgamento ou ridicularização
- Comportamentos de evitação para situações potencialmente desafiadoras
Estes impactos emocionais podem persistir na idade adulta, mesmo quando as estratégias de compensação são desenvolvidas. Adultos com dislexia não diagnosticada ou sem suporte adequado frequentemente carregam cicatrizes emocionais de experiências educacionais negativas.
Para mitigar estes desafios emocionais, é crucial:
- Fornecer diagnóstico e intervenção precoces
- Separar explicitamente dificuldades de aprendizagem da inteligência ou valor pessoal
- Celebrar e nutrir áreas de força e talento
- Criar ambientes de aprendizagem e trabalho que reconheçam e acomodem diferentes estilos cognitivos
- Fornecer acesso a aconselhamento ou grupos de apoio quando necessário
Pais e educadores devem estar atentos aos sinais de angústia emocional em crianças com dislexia, incluindo mudanças no comportamento, relutância em ir à escola, queixas físicas frequentes (como dores de cabeça ou de estômago) ou declarações negativas sobre inteligência ou capacidade.
Adultos com dislexia podem se beneficiar de terapia cognitivo-comportamental para abordar padrões de pensamento negativos resultantes de experiências educacionais desafiadoras. Grupos de apoio, tanto presenciais quanto online, podem fornecer validação, compreensão e estratégias práticas.
Dislexia em diferentes idiomas: variações e considerações
A dislexia manifesta-se de maneiras diferentes dependendo das características específicas do idioma. Idiomas com ortografia transparente ou regular (como o italiano, espanhol ou finlandês) apresentam desafios diferentes comparados a idiomas com ortografia irregular ou opaca (como inglês ou francês).
No contexto do português, a dislexia apresenta características interessantes devido à natureza do idioma:
- A ortografia do português é considerada semi-transparente – mais regular que o inglês, mas menos que o espanhol
- As correspondências letra-som são relativamente consistentes, mas existem exceções significativas
- A acentuação tônica e os diacríticos (acentos) podem representar desafios adicionais
Pessoas com dislexia falantes de português podem enfrentar dificuldades específicas com:
- Distinção entre sons similares (como “m” e “n”, “p” e “b”)
- Aplicação correta de regras de acentuação
- Processamento de palavras longas com múltiplas sílabas
- Compreensão de construções gramaticais complexas
As estratégias de intervenção para dislexia devem ser adaptadas às características específicas do idioma. Métodos que funcionam bem para leitores de inglês podem não ser igualmente eficazes para leitores de português.
Os sistemas educacionais em países lusófonos variam em seu reconhecimento e abordagem da dislexia. Portugal tem implementado políticas educacionais inclusivas, enquanto o Brasil tem feito progressos, mas ainda enfrenta desafios na identificação precoce e prestação de serviços adequados em todo o sistema educacional.
Como obter diagnóstico e suporte adequado para dislexia
O diagnóstico adequado é fundamental para acessar o suporte e as intervenções apropriadas. O processo geralmente envolve:
Avaliação abrangente:
- Histórico médico, desenvolvimental e educacional
- Avaliações padronizadas de habilidades de leitura, escrita e processamento fonológico
- Testes de processamento cognitivo e funcionamento intelectual
- Observações em contextos educacionais ou profissionais
Profissionais qualificados:
- Neuropsicólogos
- Psicólogos educacionais
- Fonoaudiólogos especializados em dificuldades de aprendizagem
- Psicopedagogos com treinamento específico em dislexia
No Brasil, o diagnóstico de dislexia é reconhecido pelo sistema de saúde e educação, com direito a acomodações educacionais amparadas por lei. A Lei Brasileira de Inclusão (Lei nº 13.146/2015) assegura o direito à educação inclusiva, determinando que escolas devem fornecer suporte adequado para estudantes com dificuldades de aprendizagem, incluindo dislexia.
Após o diagnóstico, é importante:
- Informar-se sobre os direitos educacionais e profissionais
- Buscar intervenções específicas e baseadas em evidências
- Conectar-se com associações e grupos de apoio
- Compartilhar o diagnóstico com instituições educacionais ou empregadores para obter acomodações necessárias
Organizações como a Associação Brasileira de Dislexia (ABD) oferecem recursos, informações e direcionamento para famílias e indivíduos afetados por dislexia. Seus sites contêm listas de profissionais qualificados, opções de tratamento e orientações sobre direitos educacionais.
Perguntas Frequentes sobre Dislexia
A dislexia afeta a inteligência? Não. A dislexia não tem relação com a inteligência. Pessoas com dislexia têm níveis de inteligência variados, assim como a população em geral. Muitas pessoas com dislexia têm inteligência acima da média em diversas áreas, especialmente em pensamento criativo e resolução de problemas.
Existe cura para a dislexia? A dislexia não é uma doença, portanto não existe “cura”. É uma diferença neurológica permanente na forma como o cérebro processa informações. No entanto, com intervenções adequadas e estratégias de apoio, pessoas com dislexia podem desenvolver habilidades eficazes de leitura e escrita e prosperar em ambientes acadêmicos e profissionais.
Meu filho pode superar a dislexia? Embora as crianças não “superem” a dislexia, elas podem aprender estratégias eficazes para gerenciar os desafios associados. Com suporte adequado, intervenção precoce e desenvolvimento de estratégias compensatórias, crianças com dislexia podem alcançar seu pleno potencial acadêmico e profissional.
A dislexia é genética? Sim, há um forte componente genético na dislexia. Pesquisas indicam que a dislexia tende a ocorrer em famílias, com chances significativamente maiores de uma criança desenvolver dislexia se um dos pais ou irmãos também tiver a condição.
Como posso apoiar meu funcionário com dislexia? Acomodações no local de trabalho podem incluir: fornecer instruções tanto verbais quanto escritas, permitir o uso de tecnologias assistivas, conceder tempo adicional para tarefas que envolvam leitura extensa, oferecer opções para comunicação (como reuniões presenciais versus emails) e criar um ambiente onde o funcionário se sinta confortável para comunicar suas necessidades.
A dislexia afeta apenas a leitura? Não. Embora os desafios com leitura sejam frequentemente os mais visíveis, a dislexia pode afetar uma variedade de habilidades, incluindo ortografia, escrita, memória de trabalho, organização, gerenciamento de tempo e, em alguns casos, matemática (embora a discalculia seja uma condição distinta que pode coocorrer com a dislexia).
Como posso diferenciar entre dislexia e outras dificuldades de aprendizagem? Uma avaliação profissional é necessária para determinar se os desafios de aprendizagem são causados por dislexia ou por outras condições. Outras dificuldades de aprendizagem, problemas de visão, déficits de atenção ou falta de instrução adequada podem apresentar sintomas semelhantes. Uma avaliação abrangente considerará todos esses fatores.
Conclusão: Construindo um futuro mais inclusivo
Eliminar os estereótipos causados por concepções errôneas sobre a dislexia é fundamental para criar um futuro mais inclusivo e solidário para as pessoas que vivem com essa diferença neurológica. É muito provável que você conheça alguém com dislexia, e se essa pessoa não for você mesmo, dedicar tempo para compreendê-la e seu impacto pode fazer uma enorme diferença ao oferecer apoio e validação para uma dificuldade de aprendizagem frequentemente negligenciada.
A dislexia não é uma limitação ao potencial humano – é simplesmente uma forma diferente de processar informações. Quando proporcionamos os apoios adequados e valorizamos diversos estilos cognitivos, criamos sociedades onde todos podem prosperar, independentemente de como seus cérebros processam a palavra escrita.
Você conhece alguém com dislexia? Quais estratégias você encontrou úteis para apoiar pessoas com dificuldades de aprendizagem? Compartilhe suas experiências nos comentários abaixo e ajude a construir uma comunidade de compreensão e suporte.

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